O poeta sente o ar que o rodeia
Senta cada melodia na noite ao rubro
Voa com suas asas pela plateia
Deixando no ar o seu choro fundo
O poeta escreve, deixa-se ir
Cada verso, cada lágrima
Deixada numa folha á espera
De ser apreciada e adorada
Deixa-se voar cada gota solenemente
Pela folha no dia claro
Cada mágoa ou desamparo
Fica só ali reconheçido
Enquanto o poeta chora o homem normal ri
Deixando entre os dois um clima desamparado
Que numa lágrima registado
O poema vem ter aqui
E se aquele que menos chora rir um pouco
Ver-se-á no dia claro uma luz
Que a poesia levemente seduz
Para que apareça no nosso lado
(dedicado a uma poeta que fala como gente grande, sente como gente grande e cada expressão dela revela amor de gente grande)