Onde o homem reina, onde se encontra
A pomba, sempre de cabeça ao alto
Dizendo que sim a cada passo inocente
A cada tempo de um sim
Brilha um crime humano
A cada pequeno passo de ave
Um novo ser é formado
O homem quer ser livre na sua força
A ave não conhece portas nem afins
A inteligência e crime humanos é penitência
E ave quando erra não conhece os seus fins
A ave voa até aos limites das suas asas
Nós voamos até ao limiar do nosso ser
O mundo é feito de leis diversas e restritas
Leis essas que a pomba não conhece e só lhe importa viver
Desfrutar cada momento como instintivo e belo
Conhecer o céu pela sua cor azul de ternura
Murmorar cada desejo e tê-lo
Como acto de pura e doce bravura
Saboreando cada prazer
E se o infinito acaba
Nada mais há para ter conhecimento
O homem destrói-se no seu maior instrumento
E a ave mostra a sua beleza
Não conhecendo mais nem sendo animal como vós, pombas
Fico na duvida se tereis inteligência superior
Que dê a mostrar a tudo em redór
Que sois instintivas mas de inteligência selectiva
Vós deixais o homem á deriva
Questionando as leis fatais
Serão as pombas racionais
Capaz de o sentir a cada passo?
Não me importo de comparar
Será o instinto a inteligência
Capaz de dar ao animal a prudência
De continuar sempre vivendo?
