01 setembro 2015

Eu sempre quis andar a pé

Eu sempre quis andar a pé
Mas não pude, gozaram comigo
Deram-me carro e de rolé
Vi-me preso, como castigo

Sei que o carro é uma arma
Mas no inconsciente, tenho gosto de matar
Sei que a rua não é só minha
Mas sou poeta, gosto de me libertar

Preso na vida como homem dos recados
Uso carro como se na vida não houvesse segredos
Depois ainda se queixam que não quero saber
Já estou nisto a brincar, nem tou a ver

O carro é bom mas como o outro dono era uma besta
Não dá graça nenhuma
Conduzo com carta paga e faço a festa
Porque a minha vida não faz mais "espuma"

Já vou nisto contrariado,
É dificil ser feliz
Agora peço que pensem, um bocado
Onde está a graça de viver contra o fado, infeliz?

Eu sempre quis andar a pé
Mas não posso, vamos andando
Ver a rua como é
E esqueçer, cantarolando