Em que a doença é pior lá do que cá
E temos que estar lá internados
Para curar algo que fica pior a cada minuto que passa
O quarto cheira a amaciador
Mas não é dos bons, que cheira a flores
Este não, Cheira a podre
E temos nós que aguentar o cheiro
Porque todos cheiram assim
É um gás sarim universal e tóxico
Que é saudável para quem lá passa ás férias
Pior
É no final de uma operação a todo o lado
Sentir o cheiro da anestesia
Mas dizem que passa
Pois passa, mas duas semanas depois ainda está como tabaco na pele
Entranhado depois de uma semana ao sabor do contacto com o vento
Hoje, ainda me cheira!
A anestesia de ter sido operado á 5 anos
Porque ela passa mas a memória fica cá dentro
E só me lembro de há uns dias para cá dizer
Ao poderoso e estupido infermeiro
Não quero anestesia!!, e não queria
Mas passado duas horas lá está o cheiro novamente
E eu a chorar como um porco derramado a dizer
Porra, cá está este estrume outra vez
Ma por mim, e só por mim
Não queria injecções, picas, dores
Desgostos poderosos de amores
Que fazem me lembrar maus momentos
Queria viver num corpo cheio de força e sentimentos
E cá está o hospital retratado
Eu, numa maca sentado, anestesiado
E o cheiro de arroto entranhado
Mas como não me posso mexer, nem viver sequer
Vomito para o vomitado
Que me aconchegará por semana e tempo
Obrigado Gonçalo, fizeste-me lembrar alguns momentos que passei dentro do hospital, não foi por acaso mas lembrei-me quando me lembrava que estavas lá.
Este poema é também para ti
As melhoras, pequeno Gonçalo
(Poema escrito por acaso sobre algumas lembranças minhas de quando estive internado e fui operado em pequeno, há duas coisas que não esqueci: a anestesia e o cheiro das camas do HSJ, também não me esqueço do soro, mas esse é um mal menor comparado aos outros dois)